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Investir em casas para arrendar? Portugal destaca-se pelo interesse

Nos países do sul da Europa, pelo menos, 2 em cada 3 indivíduos gostariam de comprar casas para arrendar. E quanto rende?
21 abr 2023 min de leitura

instabilidade económica e financeira continua a assombrar os mercados. Os juros no crédito habitação e financiamento às empresas estão a subir, mas os depósitos a prazo continuam a apresentar baixas rentabilidades. É neste contexto que quem tem poupanças deve pensar muito bem onde investir para não perder dinheiro com a alta inflação, que ainda se faz sentir.

Aqui, o imobiliário surge como um refúgio, dada a sua resiliência a situações de crise, segundo dizem os especialistas. E comprar casa para, depois, colocá-la a arrendar continua a ser uma alternativa de investimento fortemente enraizada no sul da Europa. Aliás, um estudo recente mostra que Portugal, Espanha e Itália são os países onde há mais pessoas a mostrar interesse por rentabilizar as poupanças dessa forma.

Nas três economias do sul do Velho Continente, pelo menos, dois em cada três indivíduos estão interessados ​​em comprar casas para, depois, destinar os imóveis ao mercado de arrendamento, revela a plataforma francesa Mateos especializada em investimento imobiliário para arrendar. Os dados mostram, portanto, que a atração das famílias que vivem em Portugal, Espanha e Itália em comprar casas para arrendar supera – e muito – o interesse despertado por investir neste negócio noutros países da Europa Central.

"Comprar casa para arrendar contribui para resolver, em parte, o grave problema de oferta de habitação para arrendamento", Beatriz Toribio, vice-diretora da Masteos em Espanha

Com base num inquérito a mais de 8.100 cidadãos europeus, o estudo coloca Espanha como o único país analisado onde mais de sete em cada 10 indivíduos manifestam interesse em investir em habitação para arrendar (72%). Logo a seguir aparece Portugal, onde quase 7 em cada 10 cidadãos são atraídos por investir em casas para arrendar (67%). Em terceiro lugar está Itália, onde 64% dos particulares estão interessados em fazer este tipo de negócio.  

Mais de metade dos inquiridos no Reino Unido, França e na Bélgica também afirma ter interesse em investir em habitação numa ótica de rentabilização.

Já os países que despertam menos interesse em investir em habitação para arrendar são os Países Baixos (34%), seguido da Alemanha (41%), mostra o mesmo estudo.

Há uma explicação simples para estes números: na verdade as famílias do sul da Europa preferem investir em imobiliário do que em outras alternativas financeiras, como depósitos a prazo, compra de ações ou investir em criptomoedas. Em Espanha e em Portugal, o investimento imobiliário é mesmo a opção preferida dos particulares. Já os ingleses e holandeses preferem apostar em contas poupança.

Atualmente, a habitação continua a ser uma alternativa de investimento rentável no longo prazo e que apresenta baixos riscos (face a outros produtos financeiros). É por isso mesmo que o mercado residencial (tal como o imobiliário como um todo) continua a despertar interesse, num momento em que a alta inflação está a esmagar as poupanças das famílias; os depósitos continuam a oferecer rentabilidades baixas; e a volatilidade nos mercados de ações instalou-se nas últimas semanas, devido à recente turbulência bancária que deixou os mercados em alerta.

Apesar do elevado interesse, há ainda uma percentagem de famílias portuguesas, espanholas e italianas que não pensa investir em casas para arrendar. Entre os motivos apontados no estudo que justificam este desinteresse está:

  • a falta de meios financeiros para comprar a casa;
  • os problemas ligados a este tipo de investimento (por exemplo, os impostos a pagar e os riscos de incumprimento nos pagamentos das rendas e de os inquilinos não assegurarem a conservação das casas);
  • a preferência por investir numa habitação própria e permanente ou numa segunda casa para férias;

Além disso, os inquiridos com rendimentos mais baixos consideram que comprar um imóvel para arrendar é uma alternativa reservada a pessoas com elevado poder de compra, segundo indica o estudo da Masteos.


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Quanto rende comprar casa para arrendar em Portugal?

O interesse em investir numa casa para arrendar no nosso país existe, segundo mostra o estudo. E o Governo António Costa está agora focado em colocar mais casas no mercado de arrendamento, com o Mais Habitação, tornando este negócio mais atrativo, mediante a redução das taxas de IRS sobre os rendimentos prediais e a adoção de medidas para proteger os senhorios de situações de incumprimento.

Para avançar com este tipo de investimento, as famílias precisam de saber, desde logo, quanto rende comprar casa para arrendar em Portugal. Segundo os dados mais recentes do idealista, comprar casa para arrendar rendeu, em termos brutos, 6,6% no primeiro trimestre de 2023, um valor superior ao calculado no mesmo período de 2022 (5,6%), mostra estudo do idealista.

E quais são os municípios onde investir numa casa para arrendar rendeu mais no início de 2023? De acordo com o mesmo estudo, foi mesmo em Santarém (7,6%), seguido de Viana do Castelo (7,2%) e de Leiria (6%). Importa não esquecer que quanto maior é a rentabilidade do negócio também maiores são os riscos do investimento.  

Já a rentabilidade habitacional mais baixa é obtida pelos proprietários das casas arrendadas em Lisboa (3,8%), Aveiro (4,3%) e Faro (4,5%). No Porto, investir numa habitação para arrendar apresentou uma rentabilidade de 4,7%, aponta o mesmo estudo. Embora nestas cidades a rentabilidade das casas seja mais baixa, os riscos do negócio também são menores, porque desde logo há elevada procura de casas para arrendar.

rentabilidade da habitação em Portugal no início de 2023, de 6,6%, foi ligeiramente mais alta do que a rentabilidade obtida no arrendamento de garagens (6,1%). Por outro lado, o negócio das casas rendeu menos do que o arrendamento de escritórios (8,8%) e de lojas (8,5%) em Portugal.

Rentabilidade da habitação em Espanha é superior …

Em Espanha, a rentabilidade de comprar casa para arrendar foi superior à nacional: de 7,1% no primeiro trimestre de 2023, aponta estudo do idealista. “No nosso caso, o ticket médio do investimento situa-se entre os 100.000 e os 150.000 euros no total (incluindo compra da casa, taxas e reformas) e a rentabilidade situa-se entre os 7% e os 8%, embora haja projetos que atingem uma rentabilidade de 15%. A rentabilidade da habitação tem sido positiva mesmo em tempos de crise", comenta Beatriz Toribio, vice-diretora da Masteos em Espanha.

Em relação ao tipo de investidor, Beatriz Toribio destaca que, geralmente, são particulares com um certo nível de poupança e que não têm problemas para obter financiamento para a compra de uma casa dado o seu perfil solvente. Além disso, estes investidores geralmente já possuem uma casa. A maioria são clientes espanhóis, embora o peso dos imigrantes e de clientes estrangeiros esteja a crescer (especialmente franceses ou residentes na Espanha).

Há ainda outros tipos de arrendamento a ganhar força no mercado espanhol. De acordo com a Masteos, há um interesse crescente no arrendamento de quartos e há também investidores que procuram arrendamentos mais estáveis, fazendo contratos de longa duração. Madrid e Valência são, entre as grandes cidades, as que estão a despertar mais interesse, acima de Barcelona.

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arrendamento habitacional é, portanto, um mercado em ascensão. Beatriz Toribio recorda que “a habitação é a principal fonte de poupança dos espanhóis, no entanto, apenas 10% das operações de compra e venda realizadas em Espanha são para arrendamento, contra 30% em França, 21% na Alemanha ou 17% no Reino Unido”, segundo apontam os dados da Masteos. Por isso, acrescenta, este "é um mercado que pode crescer mais, porque ainda é muito pequeno em Espanha, mas o investimento é muito rentável e desperta muito interesse por parte dos espanhóis".

Além disso, defende que este investimento não só permite às famílias rentabilizar as suas poupanças para a reforma e ter uma almofada económica para imprevistos, como também “contribui para resolver, em parte, o grave problema de oferta de habitação para arrendamento em Espanha”. Investir em habitação para arrendar também é, de resto, parte da solução para aumentar a oferta de casas em Portugal, que é igualmente escassa.

Fonte: Idealista

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